Carta para eu ler quando for avó.
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Carta para eu ler quando for avó.


Hoje quem escreve é uma Daniele de 33 anos, mãe da Laís de 2a4m e do Davi de 3m. Escrevo para você, eu mesma quando for avó, porque, Graças a Deus, temos uma tendência natural de esquecer as dificuldades e lembrar apenas das coisas boas, principalmente, em relação a criação dos filhos. Essa é mais uma sabedoria de Deus para influenciar os pais a ter mais de um filho e para que esses mesmos pais não desestimulem familiares e amigos a terem filhos. Escrevo para lembrar que o puerpério, aquele período que vai do nascimento do bebê até o mesmo completar 3 meses não é nada fácil. Que lidar com os sentimentos de uma criança de 2 ou de 12 também não é nada fácil. Escrevo para te lembrar do que foi bom, para que você tenha a oportunidade de repetir com a Laís e com a sua nora. Respeite o parto que a mãe decidir. Não é porque você teve dois partos normais, que sua filha ou nora vai optar por um. O importante é a mãe e o bebê ficarem bem. Amamentar é difícil e doi no começo, a mãe precisa de apoio. Se a mãe quiser continuar tentando, mesmo com as dificuldades, diga que vai dar certo, que um dia será prazeroso. Leve água enquanto ela amamenta. Corte uma fruta para que ela lanche depois. Caso ela decida que não está funcionando, que não vai mais amamentar, respeite, abrace, acolha. Acredite, foi muito difícil para ela tomar essa decisão. Ofereça com carinho segurar o bebê no arroto para que ela possa tomar um banho, ir ao banheiro ou até mesmo comer. Combine sempre o horário e dia das visitas, leve lanchinho, mas atente se há restrição alimentar. Você não teve, mas isso é coisa seria, principalmente se o bebê for alérgico. Evite perfumes e brincos grandes quando for visitar o recem nascido, é por um período curto. Passe um café quentinho ou sirva um chá. Lave a louça. Ofereça ajuda, mas lembre-se: ajudar é fazer do jeito dela e não do seu. Você teve a oportunidade de criar dois filhos do seu jeito, da melhor maneira que pode com as informações e recursos que dispunha. Ela está tentando fazer o mesmo, mas as informações e recursos já não são iguais. Jamais esqueça que ela faz diferente não por te desrespeitar, ou por não acreditar em você, é apenas a maneira dela de maternar. Há mais de uma forma de se criar um ser humano do bem. Cada família tem sua dinâmica e cada criança é única. Não tenha pressa. Você sabe melhor que ela que o tempo passa muito rápido. Que logo as crianças estarão correndo pela casa e brincando com os cachorros. Espere. Bebês e crianças choram. Bebês choram as vezes por fome, calor, frio, dor de barriga, necessidade de colo ou por motivos que nunca saberemos. Não é culpa da mãe. Crianças choram, principalmente na frente da mãe, que são em quem mais confiam e sentem liberdade para expressar suas frustações. Não é culpa da mãe. Seus filhos também fizeram "birra" quando estavam aprendendo a lidar com os próprios sentimentos. Principalmente quando estavam com fome e com sono. Você foi paciente e amorosa, mas você também teve dias em que o cansaço reinou e a paciência foi embora. Perdoe, entenda, tenha empatia. Crie um relacionamento de amor com a nova mãe, baseado no respeito e na confiança. Quanto mais bem sucedida for essa empreitada, mais tempo você ganhará com seus filhos e netos. Mais harmonia terá no lar, mais frequentes serão as visitas. Sua e deles. Cale-se. Essa vai ser a parte mais difícil. Calar quando não concordar. Não deixar de expressar sua opnião, mas esperar a oportunidade certa, com a cabeça fria, para tentar conversar e mostrar outra maneira de enxergar. Mesmo assim, não tenha expectativa de que mudará a opinião dela. Difícil. Respire. Respeite. É tão fácil escrever isso, prever que momentos delicados acontecerão, mas já sinto a dificuldade em recolher, em reconhecer. Lembre-se seu papel agora é outro. Você já não é mais mãe, já não é você quem decide como irá educa-los. Seu exemplo já foi dado a vida toda. Agora seu papel é curti-los sem o peso das responsabilidade. Torne isso leve, brinque, invista seu tempo com eles, agora já não é preciso pagar as contas deles e nem planejar o futuro. Curta o agora, o momento. Cozinhe junto, se suje, deixe pintar as paredes do seu banheiro, depois você lava. Deixe cadernos, giz de cera, lápis e tinta sempre a disposição. Se tiver gramado e terra melhor ainda. Construa brinquedos com caixas de papelão, jornais, purpurina, cola e muita criatividade. Faça roupa de bonecas com suas roupas velhas. Conte as histórias da família através dos álbuns de fotografia. Plante uma árvore, incentive a ter carinho com os bichos e com o planeta. Exercite-se e alimente-se bem com eles, frutas e verduras hoje correspondem a menos remédio no futuro. Deixe os doces e guloseimas para festas quando a mãe permitir. Agregue. Incentive a união. Aconselhe seus filhos a lutar pelo casamento, para ele dar certo. É para a felicidade deles e dos seus netos. Lembre-se que você não teve pai, e como foi doloroso. Cultive o bem. Seja colo, seja porto seguro. Desmarque compromissos e viagens para ficar com eles. Não perca a oportunidade de se tornar indispensável. Reviva nos sorrisos e nas brincadeiras a infância dos seus filhos. Essa energia que só bebês e crianças tem transborda, contagia. Aproveite. Crie um clima de harmonia e seja feliz. Sua felicidade também vai transbordar neles.


Autora: Daniele Menezes, aluna da profa. Farid Rocha, da Dança Materna em Macaé - RJ

Ig: @danimenezess

Foto: Chaynala Moret

Ig: @retratosporchaynala


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